3.10.14

Desenhos Animados

A Ciça me colocou aqui de colaboradora do Lupa e tô feliz da vida! Espero compartilhar com vocês experiências, histórias, memórias e coisas boas. Algumas coisas tento trabalhar comigo primeiro e outras consigo colocar em crônicas e textos, principalmente as que deixam uma marca enorme em mim. E assim são os desenhos animados.

Eu choro em 90% dos desenhos animados que assisto. E o engraçado é que, pensando aqui agora, não me lembro de chorar tanto assim quando criança. Às vezes por não compreender as mensagens, os diálogos e situações vivenciadas neles. Lembro-me que em Rei Leão eu chorei devido à morte do pai de Simba, Mufasa. Provavelmente por aquela cena ser a mais compreensível para uma criança de poucos anos e não muito (ou nada) experiente na vida! 

Mas aí veio meu desenvolvimento e as experiências aumentaram e intensificaram e fui percebendo outro lado que, possivelmente, meu olhar infantil não me permitia ver ainda. Valores mostrados no filme, até hoje estão dentro de mim de uma forma bem presente. O amor à família e os exemplos passados na infância refletiram no meu amadurecimento e, claro, a hakuna matata. Um filme infantil que canta: “Os seus problemas, você deve esquecer! Isso é viver, é aprender. Hakuna Matata” vai muito além de um mero desenho animado. Ali também mostra a amizade em sua essência mais pura, relevando os instintos naturais, as diferenças exorbitantes e elevando a certeza de que reconhecemos os amigos e eles sim, estarão com você na alegria e na tristeza. E realça que o mais simples, vivenciado com quem a gente mais ama, torna-se sempre a lembrança mais presente e forte nas nossas vidas.


Os desenhos animados passam lições de moral e valores que ajudam as crianças durante seu desenvolvimento e em nós, adultos, remete à um tempo já muito esquecido que muitas vezes a sociedade nos faz pensar ser algo retrógrado. Aliás, acho muito bacana esses desenhos que misturam espécies de animais que não são “amigas” na vida real entre si, pois mostra que a diferença muitas vezes é o complemento que falta em nossas vidas.

Lembro-me de ter ido ao cinema uma vez assistir qualquer filme e tinha lugar apenas para Kung Fu Panda 2. Não havia assistido o 1, mas decidi assistir mesmo assim. Saí de lá com um cisco me incomodando no olho. O filme é uma animação toda errada; errada no sentido das interações na vida real entre os “personagens”. O panda, Po, é filho adotivo de um ganso, Ping. Po é o Dragão Guerreiro que vai salvar a todos, mas não tem noção de nada nessa vida. Não sabe lutar direito, é atrapalhado, não é disciplinado e, muitas vezes, se acha demais. Creio que no filme, o que deu a Po a vontade e a força de prosseguir, foi a crença e confiança em si próprio, mas também a que NÃO tiveram nele.  Um “cara” que não tinha nada pra dar certo na vida, vence de maneira determinada. Isso é um exemplo de vida, pois gente pra te colocar pra baixo e falar que você vai fracassar tem de graça. O reconhecimento e amor por quem o criou é tocante e, de certa forma, me puxa da dimensão do desenho animado e me coloca no meu presente, na minha atualidade.

Esses filmes atuais têm me surpreendido muito positivamente, embora eu não assista muito. Costumo preferir as animações antigas, mas Como Treinar o seu Dragão é outro que me marcou. O menino Soluço, vive em uma comunidade Vicking que caça dragões. Desde cedo, as crianças são treinadas de tal de forma a continuarem com os costumes da comunidade. Porém o jovem Soluço não tem nenhuma habilidade pra isso. No decorrer do filme, o mais incrível acontece: ele fica amigo do dragão mais temido por todos, o Fúria da Noite, carinhosamente chamado de Banguela. Além do filme abordar o que a sociedade e família esperam do personagem (e, caso não seja o que eles querem, o consideram um fracassado - um "zé ninguém" -),  mais uma vez é mostrada  a descrença que as pessoas têm em quem não se encaixa em algum lugar na “sociedade correta” e como todos, de acordo com quem é e através dessa aceitação, podem vencer na vida.

Desenhos animados nos levam à um mundo que podemos inserir na nossa vida real. Não necessariamente o lado infantil, mas o lado lúdico e esperançoso. O lado bom das coisas.  Reafirma a importância da família em sua mais verdadeira profundidade. Exibe a essência mais pura e real da amizade. E nos ensina a nunca, nunca desistir dos sonhos, porque de alguma maneira, algum problema, vai resolver de alguma forma.  


Beijas,
Carol Maria
www.mundodosaltoalto.com