27.7.14

Up e a recusa de amor em tempos difíceis

por Cecília Goursand



E quase completando 3 semanas sem escrever resenhas aqui, voltei :)
É que a impressora que converte pensamentos em palavras não estava funcionando.

Tristemente vó Geninha se foi :/ e um batalhão de sentimentos veio à tona. Perder alguém não é e nunca será fácil, ainda mais quando esse alguém leva um pedação da gente.
Em contrapartida, fui regada de muito amor, carinho e apoio de muita, muita gente mesmo. Quase um sufuco. Fato que colocou minha humilde cacholinha pra funcionar: Como assim todo esse carinho e amor era um desconforto? Como assim eu estava recusando amores de toda parte?

Na busca de clareza, veio a resposta: eu não tava preparada e acho que nunca estive para taaantoo amor como recebi nesses últimos dias. De todas as formas possíveis. Era um mar de coração que ocupava minha vida e mente, que me senti mal. : ( . E não sei vocês, mas gosto de ir entrando aos poucos no mar.

E ai que lembrei de sr. Fredricksen e super entendi a vida nesse momento: tem gente, pela história de vida ou situação, que não suporta o amor. Estamos tão acostumados a falar de felicidade e ser feliz o tempo todo que quase ninguém pensa que momentos bons e ultra bons, podem reprimir uma tentativa de autenticidade. Fazendo com que essa pessoa se perca, fique com raiva e afaste toda boa vontade e amor alheios.

Pode parecer exagero, mas é o que ocorre na vida. E nunca, nunca pensamos nisso quando é com a gente. Ficamos vida a fora recusando amores, resumindo as pessoas ao seu maior defeito. Tipo o sr.Fredricksen, que fechado pra vida, carrancudo e rabugento nos mostra em Up, de forma bem lúdica, a recusa do amor.
Quer ver?

Felizmente, a vida não é feita apenas de um amor :


Russell surge com suas bochechas delícia para nos hipnotizar e nos lembrar porque devemos deixar o amor entrar. Olha só:

1) " Eu tenho que ajudar o senhor a atravessar alguma coisa."


Muitas vezes ignoramos ou recusamos um mínimo de ajuda ou até uma aproximação de alguém, por medo e defesa . Afinal, nosso mundão tá cheio de coisas ruins, fica difícil mesmo confiar em qualquer carinha bonitinha ;)
Mas só saberemos se deixarmos entrar. Essa pessoa pode te ajudar a atravessar uma fase ruim. Que tal tentar? (Mesmo que seja com um pé atrás).

2) Acontece muitas vezes de nossos heróis/ nossas heroínas  ou qualquer pessoa que admirávamos e acompanhávamos desde a infância, se tornar um fardo ou até inimigo.


E ai, meio que perdemos o chão, pois creditávamos todos os investimentos, ainda que platônicos, naquela pessoa que elegemos incentivadora de nossos sonhos. Por isso, descobrir que nosso sonho era regido de falsidade por trás ou jogo sujo, é um possível sinônimo de desacreditar na vida.

Muito embora, não podemos generalizar e achar que todos os próximos amores nos farão sofrer.  Comece devagar, mas comece :) Há seres que valem a pena deixar entrar em nossas vidas.


3) Ainda mais quando o amor vem de onde menos esperamos. Quem nunca teve um/uma Kevin na vida? Que insiste em ficar nas nossas vidas mesmo quando não suportamos a presença? Mas no fundo, queremos imensamente *_*

Dependendo da teimosia, não adianta empurrar ;)

4) "Eu sei que é chato. Mas são as coisas chatas as que eu mais me lembro.  " - Russell




A definição de chato é diferente para cada pessoa. No caso dessa frase (que não é o momento da foto), Russel lembra a parte mais divertida com seu pai, quando brincava com ele de olhar as cores do carro, tomando sorvete. Para muitos, isso é banal. Mas para Russell significava muito.

A amizade é uma troca e deixar o amor entrar na nossa vida implica trocar experiências e pensar junto. (E entenda amor, qualquer tipo de sentimento bom, vindo em nossa direção. O que pode ser importante para o outro, pode ser banal para nós. E vice-versa. E quando há troca de culturas, podemos absorver o máximo da experiência do outro e nos permitir coisas novas.
Estar aberto ao amor é estar aberto à coisas novas. :)


5) Claro que não desconsidero que toda solidão é necessária. É com ela que muitas vezes nos encontramos.
Mas um pouco de amor na vida, não faz mal a ninguém. De onde vier, da forma que vier. Respeitando sempre, é claro, o jeito do outro suportar e amar ♥. O negócio é entrar num consenso.




Sem vergonha de ser feliz :))
























Ficha Técnica

Onde e quando: Estados Unidos, 2009
Olhar de quem: Pete Docter, Bob Peterson e a cia da Pixar
Quem faz parte (vozes): Edward Asner (Carl Fredricksen); Christopher Plummer (Charles Muntz); Jordn Nagai (Russell); Bob Peterson (Dug)
Quanto tempo: 96 minutos