9.6.14

"Joe", David Gordon Green (2013)

por Natália Nunes


Gary Poulter interpreta Wade, o pai alcoólatra do personagem de Tye Sheridan

O filme não tinha sequer passado dos trinta minutos quando parei para conferir os nomes dos atores secundários que roubavam as cenas do novo trabalho de Nicolas Cage, pensei comigo, "impressionante como esse pessoal dialoga com naturalidade, que figuras autênticas!"; para minha surpresa, o elenco de apoio de Joe é formado por moradores locais, pessoas comuns sem nenhuma formação cênica, inclusive o personagem mais arrebatador, "Wade", o pai alcóolatra do coadjuvante. O diretor David Gordon Green costuma escalar pessoas que vivem no local das filmagens para contracenar porque acredita que é uma maneira de tornar seus filmes mais viscerais, mais honestos com a realidade que procura mostrar. 

Joe é, sem dúvida, o trabalho mais decente de Cage em anos, a verdade é que, na última década, ele foi protagonista de poucos papéis relevantes, um reflexo de sua perda de prestígio em Hollywood, vale lembrar que Cage faturou o Oscar de melhor ator em 96 por Leaving Las Vegas Mesmo que Nicolas Cage tenha provado que ainda tem bala na agulha e que o filme leve o nome de seu personagem, o destaque foi do desconhecido Gary Poulter, um morador de rua que, assim como em seu papel no filme, era adicto em álcool. Poulter nunca chegou a ver o brilho do sucesso, dois meses depois do encerramento das filmagens, ele foi encontrado morto em um lago em Austin, as causas da morte são desconhecidas.