14.5.14

Formatura Fantasma, 2012

por Cecília Goursand



Dia desses conversando com uma amiga querida sobre a vida, ela disse: "Ciça, você é dessas que amam ciclos e seus encerramentos. Eu não consigo ser assim". Confessou ela.
Percebi que realmente sou fã de uma reciclagem. Não as que apenas trocam o velho pelo novo, embora algumas coisas/pessoas mereçam, mas sou fã daquelas que a gente entende o recado dado. A pessoa/coisa ensinou, a gente aprendeu e ela teve que ir. Por isso pegue seu banquinho e saia de mansinho.

Como a vida adora ser Sérgio Malandro e fazer ié ié, numa madrugada fora da rotina, comecei a ver Formatura Fantasma, como se não houvesse amanhã. Só que houve. A pegadinha da malandra caiu tão bem que até fez o filme vencer o sono e o cansaço que insistiam num UFC.

Fiquei pensando ao ver o filme, em como antigamente, nos tempos de imaturidade, eu deixava as pessoas me ensinarem como viver, quem ser, o que fazer. O outro ou A outra, gozava no meu pau do palhaço até não poder mais, com o perdão da expressão para os conservadores que me lêem. E é aquilo: se esquecemos quem somos, o outro nos fará ser qualquer coisa. De fato, isso ainda existe, mas hoje sei consciente que sou dona de mim e aquele bla bla bla todo de conversa de bar.

Embora seja uma ideia lynda, na prática é preciso saber que de nada adianta se defender quando nem sabemos ainda quem somos. Quando sabemos, dificilmente deixamos esse monte de mimimi em formato de cocô encostar em nossos preciosos tímpanos.

A identificação delícia por esse filme meio que veio dai. Quando vi que Modesto ( Rafinha bastos, mentira Rául Arévalo) também não sabia quem era. Não sabia nada de modéstia, inocente. Viveu cegamente achando que era louco por ver coisas que mais ninguém via. 

Deu as mãos para meu amigo Nietzsche, que dizia : Aqueles que foram vistos dançando, foram julgados insanos, por aqueles que não podiam escutar a música . E assim, enquanto professor maluquinho, foi sendo recusado de vários empregos, ostentando os consultórios de psiquiatria. Mas teve fim ao descobrir que o seu maior defeito poderia virar qualidade e era peça chave que faltava no quebra cabeça de uma escola que há tempos buscava. E a ficha caiu: ele não era louco. Seu encerramento de ciclo, talvez, começasse ali. Que coincidentemente era ajudar algumas pessoas a encerrar o ciclo delas. Rá. Não direi que pessoas eram, apesar do nome já dar uma ideia, mas tenho o palpite de que você iria surpreender. Não é todo dia que vemos alguém ajudar em passagens.

Quem me conhece, sabe que sempre me jogo em filmes de nomes doidos e arrasto quem tiver comigo porque eles sempre têm algo muito grandioso a dizer ou nos ensinar. #liketerapia. E os europeus são mestres nisso até mesmo pela riqueza de detalhes que sempre nos aproxima do real. Infelizmente nem todo mundo consegue dar bola pra eles, mas a Lupa existe, principalmente, para defender esses filmes oprimidos pela cultura comercial. E mostrar que sempre existe uma razão para dar uma chance! Ou várias. Vem verr o que podemos aprender com o filme:

1: Considerando que te deu alguma vontade ou no mínimo curiosidade de ver, chega de desculpas. Tem ele on line aqui :)

2: Dica para você que busca encerrar ciclos e seguir em frente mas não consegue: uma frase muito sábia é dita no filme: "Morrer é como ir à terapia: tem que aceitar todas as suas loucuras para que a conta não fique alta. Obviamente você não precisa morrer pra entender, mas... #fikdik 




3: Ok. Você aprendeu a ser dono de si, mas isso não quer dizer que não possa ouvir conselhos de outras pessoas, principalmente, de quem você confia.Até porque, depois que isso acontece, podemos selecionar ainda mais quem ouvir e compartilhar a loucura de ser:


4: E das vantagens de ser invisível ....



[ ... ]


5: Mesmo que fechar um ciclo implique em voltar diversas vezes em um lugar que já não faz tanto sentido, uma hora ou outra acontece  :)




Ficha Técnica:
Quando e onde: Espanha, 2012
Olhar de quem: Javier Ruiz Caldera
Quem faz parte: Raúl Arévalo, Alexandra Jiménez, Andrea Duró, Jaime Olías, Alex Maruny, Anna Castillo, Aura Garrido, Javier Bódalo, Joaquín Reyes, Carlos Areces, Silvia Abril, Luis Varela 
Quanto tempo: 89 minutos.