7.5.14

Valente, 2012

por Cecília Goursand


Não que eu seja uma princesa, embora deva parecer para o boy magia e os pedreiros, mas monarquia não é comigo. Apesar de seguir certas tradições e mesmo com toda a insistência da sociedade em falar que todas mulheres são princesas e devem esperar seus príncipes lindos e loiros, bleh, não é pra mim.

A identificação total por esse filme vem da bravura de Merida (voz Kelly Macdonald) em justamente querer quebrar tradições clichêzudas do reino que vive. AQUELA bravura que eu não tenho, claro. Mas busco ter.

A identificação também veio porque minha mãe já virou urso e ficou tempos assim. Só conseguindo retornar à forma humana depois de muito aprendizado e vários nascimentos do sol. Na minha cabeça, minha mãe falava ursês até pouco tempo, dificultando eternamente nossa comunicação. O engraçado é que a bruxa da minha história foi a própria vida. E nem ficou me dando dicas e falando frases de efeito. Por sorte, cresci. 

Não por acumular peso, centímetros, aniversários, anos, mas por acumular vivências. Um dia a gente tem que crescer e desaparecer, já dizia meu amigo Zeca. Da vida também, mas primeiro da aba daquela figura que sempre tenta nos acolher e proteger da forma dela e muitas vezes recusei (recusamos) simplesmente por não entender. É redundante e soa óbvio ver que é preciso sair dessa aba para enxergar o lado de fora e perceber o quanto pode ser alienante essa relação. Seja ela boa ou ruim. E digo alienante, porque mesmo ruim, é difícil cortar o cordão umbilical que existe em formatos de minhocas na cabeça. 

Haja terapia, haja amaciante ajax para afofar o coração duro e haja lupa . É a parte mais difícil, embora seja precisa. E preciso. Sem contar na querência de morar eternamente na terra do nunca para não crescer never. Se assim fosse, não reconheceríamos que o urso da vez, era a gente mesmo. E a comunicação não fluía muitas vezes porque a gente não aprendia a linguagem de cada um (a). A nossa e a dela. A vida e essa mania de ié ié, achando que é Sérgio Malandro.

Há quem diga que só saberemos mesmo o que é ser mãe quando nos tornamos uma. Mas acho que é possível ter uma noção ao longo da vida. E quando falo no plural, é todo mundo mesmo. Vai me dizer que você nunca teve dor no coração ao ver um peixinho de aquário morrer ou uma bola jogada láa longe que furou? Tadinha. Todo mundo tem sentimento maternal. Sendo assim, não é difícil perceber que elas sempre querem o melhor para nós. Do jeitos delas. Reprimindo ou não, podando ou não, seguindo a tradição ou não, ouvindo ou sim. O importante é isso. É sair do paradoxo mãe-que-cria-filho-pro-mundo x mãe-que-cria-o-filho-pra-si e ouvir. Ver que formamos nossas opiniões com a vida também. E pegamos como exemplo outras pessoas de nossa convivência. 

Não deve ser fácil pra elas também, já pensou? Achar que é a única responsável por nós, mas descobrir que nós mesmos é que somos? Aprendemos a ser donos de nós, sem elas. Pode chamar o Renatão, falar que quer colo e vai fugir de casa. Talvez, isso implique em rebeldia e impulsione rumo à quebras de tradição ou nos segura eternamente na aba delas. O resultado disso, a gente vê por ai vida a fora.
E se você não entendeu qual a ligação de urso, mãe e crescimento, chegue mais que tem razões no olhar da lupa, para ver essa thelycia de história:

1: Da série: pagando língua com animação, parte 2. A pixar é fueda. Dá uma chaance!? É o primeiro conto de fadas dela, só que de forma bem madura e sombria. 


Está me dizendo que existe uma chance? yeahhh!
 A qualidade não é das melhores, mas tem ele aqui  :)

2: Contém cenas altamente inspiradoras para sairmos das tradições. Se você está na canseira da vida que leva e não quer simplesmente aceitá-la sem antes questionar, se joga :)




3: "Be careful what you wish for" (cuidado com o que deseja) já dizia alguém. As chances de acontecer ultrapassam 90%. E quase nunca acontece do jeitinho que queremos #fikdik ;)





4: Dica se você tem irmãos/ irmãs: Nunca, nunca subestime :)


Uma hora ou outra eles poderão te salvar:


5: Dica pra boa comunicação : Mais que falar é ouvir a pessoa e vice versa. Diálogo não é monólogo.Tá, Cecilia? Tamo junto.



6: A gente percebe que remendar, as vezes, está muito além de uma costura :)




7: E lembrete (anota, Cecília) parafraseado Shakespeare : só porque ela não ama como a gente gostaria (as vezes acho que me odeia)....


...Não quer dizer que ela não ame com tudo que pode, do jeito dela ♥ ( 28 anos pra entender)




(Mães, vocês são especiais! Sejam em formatos de homens, idosos, crianças, bichos ♥ Feliz dia!)



Ficha Técnica:
Quando e onde: Estados Unidos, 2012
Olhar de quem: Mark Andrews e Brenda Chapman
Quem faz parte: Kelly Macdonald, billy Connolly, Emma Thompson, Julie Walters, Kevin Mckidd,Craig Ferguson, Robbie Coltrane, John Ratzenberger.
Quanto tempo: 93 minutos.